"Quantos somos! Quantos nos enganamos! Que mares soam em nós, na noite de sermos, pelas
praias que nos sentimos nos alagamentos da emoção! Aquilo que se perdeu, aquilo que se deveria ter querido, aquilo que se obteve e satisfez por erro, o que amamos e perdemos e, depois de perder, vimos, amando por tê-lo perdido, que o não havíamos amado; o que julgávamos que pensávamos quando sentíamos; o que era uma memória e críamos que era uma emoção; e o mar todo, vindo lá, rumoroso e fresco, do grande fundo de toda a noite, a
estuar fino na praia, no decurso nocturno do meu passeio à beira-mar ... Quem sabe sequer o que pensa ou o que deseja? Quem sabe o que é para si-mesmo?" Bernardo Soares - Livro do Desassossego
Sem comentários:
Enviar um comentário